15.5.11

2. QUANDO IFR É A ÚNICA OPÇÃO

Conheço alguns relatos, inclusive de sobreviventes, de acidentes ocorridos quando o voo por instrumentos foi 'imposto' pela natureza e o piloto não era preparado para isso.

Numa situação, um avião com paraquedistas 'ingressou' numa nuvem aparentemente pequena, esperando vará-la logo, o avião iniciou uma subida em grande ângulo, vindo a estolar, o piloto na pressa em recuperar o comando, aplicou manobras que resultaram em sobre carga estrutural na aeronave que perdeu uma asa e, fora de controle, chocou-se com o solo. Acho que 2 dos 4 paraquedistas conseguiram saltar.

Em outra situação, um colega foi surpreendido por uma camada de nuvens que se ‘fechou’ rapidamente, ele manteve a aeronave acima da formação, mas esta, a formação, foi ‘ganhando altura’, para não entrar na camada, ele também foi subindo. Sorte que a aeronave era um Corisco Turbo, mesmo assim, o motor já estava perdendo fôlego quando cruzou 18 mil pés! Por sorte, no desenrolar do voo, a formação começou a se dissipar e conseguiram chegar com segurança ao destino. Em suma, são vários relatos, alguns disponíveis nos relatórios da SIPAER.

Nuvens e nebulosidade são imprevisíveis, podem pegar o piloto de surpresa em sua rota, quando o mesmo se depara com a condição de voo por instrumentos, mesmo o piloto tendo capacitação em voo IFR, se não mantiver a calma nos momentos iniciais a possibilidade de acidente é quase certa por causa da desorientação espacial.

Uma dica já colocada a prova: Durante o voo, procure acompanhar a evolução das condições climáticas no desenrolar do voo, inclusive fazendo farto uso das comunicações, jamais entre em condição IFR se não estiver capacitado para vôos por instrumentos.

Uma vez que a entrada em IFR e iminente, até porque atrás de vc já está 'tudo fechado' procure, antes de ingressar na nuvem ou camada, familiarize-se com os instrumentos IFR, principalmente o horizonte e procure compensar o avião da melhor forma possível, ao ingressar, são exerça .pressão sobre os comandos. O avião dinamicamente estável se manterá em voo nivelado mesmo com ação de fraca turbulência, comum em nuvens normais.

Caso não tenha capacitação IFR ou a aeronave não seja homologada para vôo IFR ou mesmo os instrumentos essenciais estejam inoperantes, observe o giro direcional ou mesmo a bússola, se houver mudança lenta de proa, utilize com suavidade os pedais para compensar e mantenha a rota. Entre em contato rapidamente com o controle da área alertando-os de sua situação de emergência, lembre-se que dentro da 'sua' camada ou nuvem, pode existir outra aeronave voando normalmente em instrumentos ou na mesma situação do que vc ou mesmo montanhas.

Se possível, peça vetoração radar, mas para tanto é fundamental que vc dê sua posição exata, não adianta dizer que a 10 minutos atrás estava 'ao lado de um morro alto' ' passando por uma curva fechada no rio' ' perto de uma rodovia com alguns ônibus e caminhões'...

O piloto deve ter sempre certeza de sua posição, isso numa emergência pode ser fundamental para um pouso seguro. Siga as instruções do controle mas jamais faça curvas usando a inclinação das asas em condição IFR sem o auxilio de um horizonte artificial, utilize apenas os pedais.

Não quero ensinar ninguém a voar, mas sou a favor que todo aluno deva ter noção do funcionamento de um horizonte artificial desde o início de sua instrução. Aproveito para relatar fatos e garanto que estes podem acontecer com qualquer um, o mais importante é jamais desistir, jamais entregar os pontos, fechar os olhos ou ‘congelar’ nos comandos e deixar ‘correr solto’. Para quem tem essa possibilidade, faça uso dos simuladores de vôo em computador, preencha toda a tela com o painel do avião e realize diversas manobras observando apenas os instrumentos do painel.



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